segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Viva Pina Bausch!
Sexta-feira foi a abertura da Conferencia Film & Dance- innovative art on the rise, patrocinado pelo GIPCA, no departamento Drama, aqui da UCT. E para comecar muito bem o evento, assistimos o Pina Bausch em 3D, a homenagem amorosa de Wim Wenders (http://www.pina-film.de/en/about-the-movie.html). Sabado e Domingo foi intenso em trocas, experiencias, olhares e encontros. O tema em pauta foi a colaboracao entre filmmakers e coreografos/dancarinos. Pelo relato dos participantes, alguns destacaram o bom-humor como caracteristica fundamental, outros destacaram a descoberta, a disponilidade de trabalhar junto. Destaco aqui o trabalho Jeannette Ginslov (http://jeannetteginslov.com/). A parceria interessante de Nelisiwe Xaba (http://www.nelisiwexaba.co.za/) e o filmmaker Mocke Jansen van Veuren que com suas sobreposicoes de tempo e espaco inusitadas, por exemplo, um terminal urbano em diferentes momentos do dia/noite e pessoas nadando, ou tendo aulas de danca de salao,explora nocoes de uma filosofia do ritmo da imagem. Ah tambem o belo trabalho de James Tayler sobre fronteiras entre o virtual e o real, vejam o trabalho dele intitulado Fragmented (http://www.youtube.com/watch?v=eywkP5L3D24)
Danca e filme, uma parceria possivel, Wim Wenders eterniza o movimento efemero e vivo da bela Pina. Viva Pina Viva!
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Nutrir o Corpo e a Alma
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Corpo e Casa
Aqui em Cape Town visitei dois museus que foram casa e que hoje acolhem objetos e narrativas sobre a vida de uma artista ou de uma comunidade.
A casa de Irma Stern, fica proxima do Campus da UCT e apoiado tambem por esta instituicao. Ja fui la duas vezes, uma vez fui com o grupo de estudantes do Seminario de Historia da Danca Africana, ministrado pelo Gerard Samuel. E recentemente fui com a coreografa Carol Abizaid [www.youtube.com/watch?v=TMiBYJiGpzI]
vermos uma exposicao sobre Corpo e Self. Carol trabalha corpo e trauma em tempos de guerra. Voltando a casa-corpo de Irma Stern, o lugar e belo, tem um lindo jardim com esculturas feitas por Irma. Os objetos que ela trazia de suas viagens pela Europa, Congo e Zanzibar estao exposto pelos comodos da casa. Uma das portas da casa e de Zanzibar. Tambem ha o seu atelie. E suas obras. Aqui o site do museu www.irmasternmuseum.com
Outra visita que acompanhei o grupo de estudantes foi o Distristc Six. Trata-se de um espaco de resistencia durante a era do apartheid. Mas, do que isso o museu reconstroi como era uma casa, a barbearia, retrata o estilo de vida, de uma comunidade diversa culturalmente que vivia em harmonia ate se desmantelada. A sua localizacao em uma das melhoras encostas da Table Mountain, motivou que o governo retirar essa populacao de la e privilegiar a area para as pessoas “brancas”. No entanto, seu plano foi frustrado quando essa populacao se recusou a morar neste local. Hoje o que vemos ali e uma area “nobre” porem, sem muitas habitacoes. Marcas da arquitetura de um pais em transformacao. Mais informacoes www.districtsix.co.za
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Sou responsável pelo meu corpo
Quem já participou de alguma aula de dança comigo, deve-se lembrar do momento que peço para que falem seu nome e em seguida façam a afirmação: “Sou responsável pelo meu corpo”. Depois de aproximadamente dois meses participando do trabalho voluntário de atenção às pessoas sem-teto, apresentei para o pastor e os outros voluntários a ideia de um trabalho corporal, com intuito de se perceberem como seres singulares na pluralidade humana. Uma busca de compreensão sobre o nosso processo de vida. Compreensão, essa tão bem discutida por Hannah Arendt, para essa autora, trata-se de um processo complexo, ou seja, uma atividade interminável, por meio da qual, em constante mudança e variação, aprendemos a lidar com nossa realidade, reconciliamo-nos com ela, isto é, tentamos nos sentir em casa no mundo. (...) A compreensão é interminável e, portanto, não pode produzir resultados finais; é a maneira especificamente humana de estar vivo, porque toda pessoa necessita reconciliar-se com o mundo em que nasceu como um estranho, e no qual permanecerá sempre um estranho, em sua inconfundível singularidade. A compreensão começa com o nascimento e termina com a morte.
Aceito a proposta, comecei então pedindo para que todos/as atentassem para o exercício que era bem simples, mas que era de grande valor. Solicitei que cada um falasse seu nome e em seguida falasse a frase: sou responsável pelo meu corpo. E assim, cada pessoa ali presente foi pronunciando a frase, uns em inglês, outros em afrikan, outros em Xhosa, e eu em português. Algumas pessoas se levantaram e falaram em voz alta. Outras sentadas, falaram pausadamente, outras sussurraram, e teve uma pessoa que disse com honestidade, que não se sentia responsável pelo seu corpo, porque fazia coisas que não fazia bem para o corpo: bebia, fumava, às vezes era violenta e pediu que orasse por ela. Sua sinceridade foi inspiradora, saímos dali refletindo sobre como somos ou podemos nos tornar responsáveis pelo nosso corpo, ao ponto que o nosso ser-no-mundo seja equivalente com o ter do mundo. Nilton Bonder nos ensina que a vida se dá na tensão entre o ter e o não ter. O gratuito é o “não ter” que devemos estar constamente considerando junto com o que “ter”. Se não considerarmos a possibilidade de “não ter”, vamos perder todas as oportunidades do que é gratuito neste mundo.