Hoje dia 29 de novembro as
14:30 no MArquE, na UFSC, estarei
apresentando a performance Tecelãs
da Existência”, desta forma,
participo da leitura coletiva de Zong! que está acontecendo em vários países.
O livro Zong! escrito pela a autora
afro-caribenha M.NourbeSe Philip escava
um texto legal, no qual memória, história e lei colidem e metamorfoseiam na
poética do fragmento. Zong! se torna
um lamento anti-narrativo que alarga as fronteiras da forma poética.
Zong! É uma estória que não pode ser contada, embora deva ser contada...
Em 1781 o navio Zong zarpou
da costa ocidental da África com a “carga” de 470 pessoas africanas escravizadas para serem vendidas na
Jamaica. E como de costume sua carga
estava completamente assegurada.
Mas, a viagem ao invés
de durar de quatro a seis
semanas, por motivos de erros de
navegação por parte do capitão, essa durou quatro meses. Nesse interim, uma parte da “carga” foi perdida, pois muitos morreram por doenças, outros por falta de água e muitos outros, um total de cento e cinquenta pessoas foram atiradas ao mar por ordem do
capitão. O capitão do navio considerou
que se os escravos Africanos a bordo
morressem de “morte natural” os donos do navio teriam que assumir os custos,
mas se estes fossem atirados ao mar,
isso poderia ser financeiramente mais vantajoso... Pois com isso poderia se
exigir o pagamento do seguro pela perda da “carga”.
Zong!
Transforma-se assim em canção, um lamento,
das águas, do silêncio das águas
que hoje nos falam...
Quando silêncio é
Abdicação da palavra língua e
lábios
Cinzas de uma coisa que foi
...Silêncio
Canção Palavra Fala
Continuamente
Várias vezes
Internamente
Pura repetição
Zong! É uma canção.
E cantar tem mantido a alma do povo Africano intacta, quando esse povo pede água
...sustentação ...preservação. Zong! É uma canção de uma estória não
contada, e que não pode ser contada embora deva ser contada, mas somente
através de sua re-contagem.
Ida Mara Freire
Tradução criativa de Zong!
Autoria M. NourbeSe Philip