sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cartas de Amor à Dança


Ensaio Aberto Cena 11/ Foto Cristiano Prim

Cartas de Amor à dança[1]



O Festival Internacional Múltipla Dança está de volta. Dirigido por Marta Cesar  e com curadoria compartilhada com Jussara Xavier mantém  a sua principal característica – a  multiplicidade de possibilidades do espectador interagir  com o mundo da dança:  espetáculos, diálogos, oficinas, vídeos, jam session, residência, conferência-demonstração, ensaio aberto.

No transcorrer dessa semana estarei aqui a escrever para ti amante ou quem sabe inimigo da dança.  Ao ler estas  palavras,   vocês poderão  reconhecer que elas guardam uma estreita relação com  o trabalho atual da companhia de Dança Cena 11, intitulado Carta de amor ao inimigo.  

E a 6ª edição do Múltipla  ao homenagear  os 20 anos do Cena 11,  sugere   que arrisquemos o estilo epistolar e tentamos estabelecer uma correspondência, palavra bonita, mas bem fora de moda em um tempo de e-mails, facebook , twitter e instragam. 

Por conseguinte, uma carta evoca uma exposição de si, sugere um reconhecimento do outro. E ao  endereçado  cabe a atenção, o acolhimento  das palavras gestuais, dançadas, o envolvimento nas proposições,  e quem sabe responder em seu tempo com sua própria corporeidade palavras amistosas, intuitivas, reflexivas, indagativas.

Dançar pode ser escrever  uma ação amorosa – convencer com arte e beleza que vale o risco de estar vivo.  Como Sherazade,  ao narrar  as mil e uma noites, criar, inventar razões para amar a vida independente  da possibilidade da morte à deriva, da violência à espreita, ou da dor  que se avizinha. Escrevemos todos  cartas de amor à vida que inspira nossa dança de cada dia.


Publicado no jornal Notícias do Dia em 27 /05/2013



[1] Ida Mara Freire
Professora Associada do Centro de Ciências da Educação da UFSC
Pós-doutorado pela University de Cape Town- África do Sul
E-mail: ida.mara.freire@ufsc.br

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