Socorro
Mostra 30 anos Teatro da UFSC
Dias: 13, 14 e 15/11
Horário: 20h00
Local: Teatro da UFSC - Florianópolis/SC
FICHA TÉCNICA
Direção/Concepção: Zilá Muniz
Intérpretes-criadores: Egon Seidler
Elisa Schmidt
Karina Degregório
Paula Bittencourt
Vicente Mahfuz
Consultoria em Formas Animadas: Valmor Níni Beltrame
Bonecos: Marcos Oliveira
Cenário: Fernando Marés
Iluminação: Camila Ribeiro
Irani Apolinário
Figurino: Zilá Muniz
Trilha sonora: Javier Venegas
Zilá Muniz
(músicas de Steve Reich)
Material gráfico: Lena Muniz
Fotos: Camila Ribeiro
Javier Venegas
Marcos Klann
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
O corpo como dança
O corpo como dança
Por Ida Mara Freire (*)
O ‘Guia de idéias correlatas’ não se trata de uma aula, nem tão pouco de um espetáculo, esclarece o diretor e coreógrafo Alejandro Ahmed.Coerentemente, o coreógrafo apresenta assim a sua cartografia, indicando nas marcas projetadas na pele trilhas de acesso à informação. O grupo composto por Adilso Machado, Aline Blasius, Cláudia Shimura, Hedra Rockenbach, Jussara Belchior, Karin Serafin, Leticia Lamela, Marcela Reichelt, Marcos Klann, Mariana Romagnani e Nina, a cachorra, recorre às ações de Skinnerbox e Pequenas frestas de ficção sobre realidade insistente, revelando ao público algumas cenas que sustentam a proposição da dança como estratégia cognitiva. Com a sonoridade Hedra Rockenbach e a interface interativa de Telli Narcizo o Cena 11 decompõem diante de todos as idéias que estruturam as definições de corpo, investigadas com a interlocução da crítica de dança Fabiana Britto, para tornar dança as questões propostas a cada trabalho. Assim, se apresenta um verbete na tela. A dançarina em cena faz uma demonstração de uma queda. Escuto alguém da platéia dizer: dor.
“O que os nossos corpos dizem? E o que eles estão nos contando? A imaginação humana está enraizada nas energias do corpo. E os órgãos do corpo são determinantes dessas energias e dos conflitos entre os sistemas de impulso dos órgãos e a harmonização desses conflitos, escreve Joseph Campbell. A noção de corpo que vivenciei enquanto espectadora, desta leitura demonstrativa foi a do corpo próprio como rito de iniciação onde fui convocada a renunciar pré-conceitos e submeter-me a uma prova do olhar. Percebi que devo aceitar essa prova sem esperança de obter sucesso, ou seja, de conhecer tudo, por que sempre algo do outro me escapa Na verdade, devo me preparar para uma abertura diante da provação da imagem espelhada, destituída de sentidos para mim.
Ao escrever essa última notação sobre o Múltipla Dança 2009 faço votos que se mantenha viva a prioridade “de conceder espaço à ocorrência de diferentes modos de diálogo, procurando aproximar sempre mais o pensar e o fazer dança” assinalada pelas organizadoras do evento. Espero leitor que as minhas intenções de proporcionar algumas razões para apreciar a dança tenham tido êxito. Ainda há tempo de conferir suas noções de corpo no espetáculo “Quinteto” da Staccato Cia. de Dança.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Por Ida Mara Freire (*)
O ‘Guia de idéias correlatas’ não se trata de uma aula, nem tão pouco de um espetáculo, esclarece o diretor e coreógrafo Alejandro Ahmed.Coerentemente, o coreógrafo apresenta assim a sua cartografia, indicando nas marcas projetadas na pele trilhas de acesso à informação. O grupo composto por Adilso Machado, Aline Blasius, Cláudia Shimura, Hedra Rockenbach, Jussara Belchior, Karin Serafin, Leticia Lamela, Marcela Reichelt, Marcos Klann, Mariana Romagnani e Nina, a cachorra, recorre às ações de Skinnerbox e Pequenas frestas de ficção sobre realidade insistente, revelando ao público algumas cenas que sustentam a proposição da dança como estratégia cognitiva. Com a sonoridade Hedra Rockenbach e a interface interativa de Telli Narcizo o Cena 11 decompõem diante de todos as idéias que estruturam as definições de corpo, investigadas com a interlocução da crítica de dança Fabiana Britto, para tornar dança as questões propostas a cada trabalho. Assim, se apresenta um verbete na tela. A dançarina em cena faz uma demonstração de uma queda. Escuto alguém da platéia dizer: dor.
“O que os nossos corpos dizem? E o que eles estão nos contando? A imaginação humana está enraizada nas energias do corpo. E os órgãos do corpo são determinantes dessas energias e dos conflitos entre os sistemas de impulso dos órgãos e a harmonização desses conflitos, escreve Joseph Campbell. A noção de corpo que vivenciei enquanto espectadora, desta leitura demonstrativa foi a do corpo próprio como rito de iniciação onde fui convocada a renunciar pré-conceitos e submeter-me a uma prova do olhar. Percebi que devo aceitar essa prova sem esperança de obter sucesso, ou seja, de conhecer tudo, por que sempre algo do outro me escapa Na verdade, devo me preparar para uma abertura diante da provação da imagem espelhada, destituída de sentidos para mim.
Ao escrever essa última notação sobre o Múltipla Dança 2009 faço votos que se mantenha viva a prioridade “de conceder espaço à ocorrência de diferentes modos de diálogo, procurando aproximar sempre mais o pensar e o fazer dança” assinalada pelas organizadoras do evento. Espero leitor que as minhas intenções de proporcionar algumas razões para apreciar a dança tenham tido êxito. Ainda há tempo de conferir suas noções de corpo no espetáculo “Quinteto” da Staccato Cia. de Dança.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Fragmentos
Fragmentos de um gesto
Por Ida Mara Freire (*)
“Saber que não escrevemos para o outro, saber que essas coisas que vou escrever jamais me farão amado de quem amo, saber que a escrita não compensa nada, não sublima nada, que ela esta precisamente ali onde você não está – é o começo da escrita.” Os fragmentos do discurso amoroso de Barthes parecem-me oportunos para introduzir meus comentários acerca do espetáculo “Meu Prazer” dirigido por Marcia Milhazes, apresentado na noite de quarta-feira no Múltipla Dança. Os bailarinos Al Crisppinn, Ana Amélia Vianna, Felipe Padilha e Fernanda Reis escrevem cartas de amor gestuais que revelam desejos de proximidade e intimidade. A solidão se espessa quando aquilo que nos é intimo está certo de se alcançar, contudo um gesto estrangeiro nos faz duvidar e põe fim na estória antes mesmo dessa começar.
O cenário, criação de Beatriz Milhazes, é um jardim de flores agigantadas que subverte o espaço e acolhe os movimentos de suspensão. O expectador é convidado adentrar neste pequeno universo, perceber como seu o frêmito do corpo da dançarina e surpreso constatar uma esquisita alegria. O gesto do outro nos aproxima, porém sem intimidade. São como os grandes círculos vazados, lembrando-nos dos espaços vazios ao nosso redor. Pode a textura, a cor de uma vestimenta tecer intuições? Demonstrar leveza, transparência, maleabilidade e com isso demarcar semelhanças e distinções nas tramas e nos dramas existenciais de cada um?
A iluminação de Glauce Milhazes endereça a mensagem. Se plena, denuncia que andamos a procura do desconhecido. Generosa, nos permite perceber o aqui e o agora. Convergente, irradia o só ser e o seu reverso: o ser só. A sonoridade de Francisco Alves, as composições de Francisco Mignone, Henrique Oswald, Ernesto Nazareth e Maria Kalaniemi, prenhas de sentidos nos constrange admitir as ausências. O silêncio intimida ao desnudar nossa presença no simples ato de respirar.
O espetáculo da Marcia Milhazes Companhia de Dança pode ser lido como uma carta que deseja, como toda a mensagem de amor, uma resposta. E assim, diante dessa imposição implícita o outro responde. Como expectadora, talvez seja essa minha simples notação uma retribuição, porém reconheço de antemão que o amor pode estar precisamente ali onde não parece por inteiro, mas apenas num fragmento de um gesto... amoroso.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Por Ida Mara Freire (*)
“Saber que não escrevemos para o outro, saber que essas coisas que vou escrever jamais me farão amado de quem amo, saber que a escrita não compensa nada, não sublima nada, que ela esta precisamente ali onde você não está – é o começo da escrita.” Os fragmentos do discurso amoroso de Barthes parecem-me oportunos para introduzir meus comentários acerca do espetáculo “Meu Prazer” dirigido por Marcia Milhazes, apresentado na noite de quarta-feira no Múltipla Dança. Os bailarinos Al Crisppinn, Ana Amélia Vianna, Felipe Padilha e Fernanda Reis escrevem cartas de amor gestuais que revelam desejos de proximidade e intimidade. A solidão se espessa quando aquilo que nos é intimo está certo de se alcançar, contudo um gesto estrangeiro nos faz duvidar e põe fim na estória antes mesmo dessa começar.
O cenário, criação de Beatriz Milhazes, é um jardim de flores agigantadas que subverte o espaço e acolhe os movimentos de suspensão. O expectador é convidado adentrar neste pequeno universo, perceber como seu o frêmito do corpo da dançarina e surpreso constatar uma esquisita alegria. O gesto do outro nos aproxima, porém sem intimidade. São como os grandes círculos vazados, lembrando-nos dos espaços vazios ao nosso redor. Pode a textura, a cor de uma vestimenta tecer intuições? Demonstrar leveza, transparência, maleabilidade e com isso demarcar semelhanças e distinções nas tramas e nos dramas existenciais de cada um?
A iluminação de Glauce Milhazes endereça a mensagem. Se plena, denuncia que andamos a procura do desconhecido. Generosa, nos permite perceber o aqui e o agora. Convergente, irradia o só ser e o seu reverso: o ser só. A sonoridade de Francisco Alves, as composições de Francisco Mignone, Henrique Oswald, Ernesto Nazareth e Maria Kalaniemi, prenhas de sentidos nos constrange admitir as ausências. O silêncio intimida ao desnudar nossa presença no simples ato de respirar.
O espetáculo da Marcia Milhazes Companhia de Dança pode ser lido como uma carta que deseja, como toda a mensagem de amor, uma resposta. E assim, diante dessa imposição implícita o outro responde. Como expectadora, talvez seja essa minha simples notação uma retribuição, porém reconheço de antemão que o amor pode estar precisamente ali onde não parece por inteiro, mas apenas num fragmento de um gesto... amoroso.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Entre linhas e imagens
Entre linhas e imagens
Por Ida Mara Freire (*)
Como um dançarino se recorda de uma coreografia? A dança é uma arte efêmera. E neste sentido, o registro em texto escrito ou em imagem, se faz necessário. A escrita da dança é uma atividade fascinante, pois é muito difícil separar o corpo que dança do gesto que escreve. Muitas vezes uma pessoa que dança pode ser afetada pelo seu modo de escrever sobre a dança, de maneira que essa escrita altera sua maneira de dançar e conseqüentemente o seu jeito de apreciar.
“Estudiosos, pesquisadores, curiosos e até mesmo os mais distraídos habitantes permanentes ou provisórios podem constatar que o Recife é uma cidade que dança.” Essa é a frase introdutória do livro Balé Popular do Recife: a escrita de uma dança, autoria de Christianne Galdino lançado na noite de abertura do Múltipla Dança. A autora se pauta na trajetória dos 32 anos deste Balé para entender o diálogo entre a tradição e a contemporaneidade, considerando a recuperação da memória da dança cênica local.
A dança que assistimos ontem será igual a que veremos hoje? A coreografia poderá ser a mesma, mas os dançarinos e a platéia não serão. Eles terão tido vivências diferentes que alterarão seus gestos, poderão estar mais atentos, talvez, uma pessoa tenha torcido o tornozelo e toda vez que faz um determinado gesto sente dor. Por o corpo não ser mais o mesmo de ontem à noite, então, filmamos e fotografamos. Cristalizamos no tempo-espaço a dança que vemos agora para recordar depois o corpo em movimento, acessível para todos que se interesse por conhecer a história da dança. Esse é um dos objetivos do Acervo Mariposa, uma videoteca pública especializada em dança que gerencia o acesso gratuito de vídeos digitalizados de dança.
As relações entre o gesto e imagem que incitam nossas noções de tempo e a memória são desveladas nas proposições do vídeo dança. Fronteiras são rompidas propõe-se uma dilatação dos sentidos: ver o que não se mostra facilmente, vivenciar um alargamento sensorial ao ser tocado pelo olhar atravessado do outro sobre si mesmo. O Dança em Foco ocupa-se desses “entre-lugares” que surgem do encontro da dança com as imagens virtuais. Notavelmente, para você que se interessa pelas entre linhas e cultiva a imagin-ação são várias as opções de se envolver com a dança. Agende: será exibida uma série de documentários da dança francesa na Fundação Badesc de maio e novembro de 2009.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Por Ida Mara Freire (*)
Como um dançarino se recorda de uma coreografia? A dança é uma arte efêmera. E neste sentido, o registro em texto escrito ou em imagem, se faz necessário. A escrita da dança é uma atividade fascinante, pois é muito difícil separar o corpo que dança do gesto que escreve. Muitas vezes uma pessoa que dança pode ser afetada pelo seu modo de escrever sobre a dança, de maneira que essa escrita altera sua maneira de dançar e conseqüentemente o seu jeito de apreciar.
“Estudiosos, pesquisadores, curiosos e até mesmo os mais distraídos habitantes permanentes ou provisórios podem constatar que o Recife é uma cidade que dança.” Essa é a frase introdutória do livro Balé Popular do Recife: a escrita de uma dança, autoria de Christianne Galdino lançado na noite de abertura do Múltipla Dança. A autora se pauta na trajetória dos 32 anos deste Balé para entender o diálogo entre a tradição e a contemporaneidade, considerando a recuperação da memória da dança cênica local.
A dança que assistimos ontem será igual a que veremos hoje? A coreografia poderá ser a mesma, mas os dançarinos e a platéia não serão. Eles terão tido vivências diferentes que alterarão seus gestos, poderão estar mais atentos, talvez, uma pessoa tenha torcido o tornozelo e toda vez que faz um determinado gesto sente dor. Por o corpo não ser mais o mesmo de ontem à noite, então, filmamos e fotografamos. Cristalizamos no tempo-espaço a dança que vemos agora para recordar depois o corpo em movimento, acessível para todos que se interesse por conhecer a história da dança. Esse é um dos objetivos do Acervo Mariposa, uma videoteca pública especializada em dança que gerencia o acesso gratuito de vídeos digitalizados de dança.
As relações entre o gesto e imagem que incitam nossas noções de tempo e a memória são desveladas nas proposições do vídeo dança. Fronteiras são rompidas propõe-se uma dilatação dos sentidos: ver o que não se mostra facilmente, vivenciar um alargamento sensorial ao ser tocado pelo olhar atravessado do outro sobre si mesmo. O Dança em Foco ocupa-se desses “entre-lugares” que surgem do encontro da dança com as imagens virtuais. Notavelmente, para você que se interessa pelas entre linhas e cultiva a imagin-ação são várias as opções de se envolver com a dança. Agende: será exibida uma série de documentários da dança francesa na Fundação Badesc de maio e novembro de 2009.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Mais livre possível
Mais livre possível
Por Ida Mara Freire (*)
Você tem que ser crítico com o seu movimento! Alterca a dançarina Nathalie Pubellier com a turma de dançarinos que buscava seguir com afinco suas sugestões de ações. Afunda, corta, toca, alonga, desenvolve... O exercício sugerido: fazer as ações compostas em três frases de movimento, acompanhadas com a nossa própria voz. Sim, tínhamos que nos convencer que a nossa fala correspondia exatamente com a intensidade da realização da nossa ação. O grupo de alunas do curso de pedagogia que estava assistindo a aula pode perceber que reflexão e linguagem podem ser lições de um corpo em movimento.
A masterclass de dança contemporânea ocorreu na sala de dança CDS/UFSC e foi promovida pelo Projeto Tubo de Ensaio, em parceria com o Múltipla Dança. Se por um lado a experiência com dança das 25 pessoas participantes era variada, por outro lado, a unidade do grupo no transcorrer da atividade é meritória da coreógrafa francesa Nathalie, acompanhada de perto pelo assistente e tradutor Alex Sander dos Santos.
Como trazer mais liberdade para o corpo do dançarino? Essa indagação motivou a coreógrafa a buscar uma formação polivalente, que inclui balé clássico, dança moderna, jazz , tai chi, bem como estudos científicos em medicina e biologia celular. Na perspectiva de Nathalie o dançarino deve ser disponível e bem preparado corporalmente, para ser o mais livre possível.
Durante a aula Pubellier apresentava os princípios básicos de sua pedagogia composta por exercícios de respiração, alongamentos, deslocamentos no solo, fazendo uso de brinquedos, tais como um palhaço de madeira e bolas; cada gesto era descrito, enfatizado com intuito de despertar a sua corporeidade. A cada variação da frase de movimento se esculpia no corpo níveis profundos de sensações. Fazer novamente uma seqüência de movimentos, não tinha como meta somente um refinamento técnico, mas juntamente com a prática evocar no dançarino uma consciência corporal. Instigava-se àquele que dança a perceber o jogo lúdico sensorial, que começa no centro do corpo e expande para as partes periféricas. Poderia se dizer que ação e percepção se apresentavam numa relação de figura e fundo. Ao terminar as atividades acrescentei essa simples notação: quem participou ou assistiu essa aula além de aprender um pouco de francês, talvez tenha tido a sensação que a liberdade é azul.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
Por Ida Mara Freire (*)
Você tem que ser crítico com o seu movimento! Alterca a dançarina Nathalie Pubellier com a turma de dançarinos que buscava seguir com afinco suas sugestões de ações. Afunda, corta, toca, alonga, desenvolve... O exercício sugerido: fazer as ações compostas em três frases de movimento, acompanhadas com a nossa própria voz. Sim, tínhamos que nos convencer que a nossa fala correspondia exatamente com a intensidade da realização da nossa ação. O grupo de alunas do curso de pedagogia que estava assistindo a aula pode perceber que reflexão e linguagem podem ser lições de um corpo em movimento.
A masterclass de dança contemporânea ocorreu na sala de dança CDS/UFSC e foi promovida pelo Projeto Tubo de Ensaio, em parceria com o Múltipla Dança. Se por um lado a experiência com dança das 25 pessoas participantes era variada, por outro lado, a unidade do grupo no transcorrer da atividade é meritória da coreógrafa francesa Nathalie, acompanhada de perto pelo assistente e tradutor Alex Sander dos Santos.
Como trazer mais liberdade para o corpo do dançarino? Essa indagação motivou a coreógrafa a buscar uma formação polivalente, que inclui balé clássico, dança moderna, jazz , tai chi, bem como estudos científicos em medicina e biologia celular. Na perspectiva de Nathalie o dançarino deve ser disponível e bem preparado corporalmente, para ser o mais livre possível.
Durante a aula Pubellier apresentava os princípios básicos de sua pedagogia composta por exercícios de respiração, alongamentos, deslocamentos no solo, fazendo uso de brinquedos, tais como um palhaço de madeira e bolas; cada gesto era descrito, enfatizado com intuito de despertar a sua corporeidade. A cada variação da frase de movimento se esculpia no corpo níveis profundos de sensações. Fazer novamente uma seqüência de movimentos, não tinha como meta somente um refinamento técnico, mas juntamente com a prática evocar no dançarino uma consciência corporal. Instigava-se àquele que dança a perceber o jogo lúdico sensorial, que começa no centro do corpo e expande para as partes periféricas. Poderia se dizer que ação e percepção se apresentavam numa relação de figura e fundo. Ao terminar as atividades acrescentei essa simples notação: quem participou ou assistiu essa aula além de aprender um pouco de francês, talvez tenha tido a sensação que a liberdade é azul.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br
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