Segunda-feira dia 18 de Janeiro de 2010, logo pela manhã recebi o telefonema de Marta Cesar comunicando o falecimento do dançarino Anderson João Gonçalves, ela ainda não sabia que horas seria o sepultamento.
Eu preparava o lanche da pequena Hannah para levar a praia... e tentava organizar o dia de celebração do seu aniversário. Em meu diário escrevi: celebração da vida que florece e da vida que desvanece. Meditei; na quietude do corpo desejei paz e uma passagem tranquila para o amigo que partia. Lembrei-me da dança compartilhada, durante a oficina de Contato que David Iannatelli ofereceu para nós no verão de 2000 ou 2001(datas, dificuldades com o Cronos, já escreverei sobre isso). E aí fomos fazer uma jam lá na beira-mar e eu e o Anderson fizemos um duo na sonoridade da Ave Maria interpretado por Bobby Mac Ferry: meu corpo lembrou.
Em meio dessas e outras memórias o tempo passou, a jornalista do Notícias do Dia telefonou perguntou o que eu poderia dizer acerca do Anderson e comentei que ele era uma inspiração para nós, sua amorosidade, seu corpo certeiro, lúdico, flexível conferia a ele uma maturidade corporal - e aí lembrei dos comentários de Sandra Meyer -enquanto assistiamos sua performance num espetáculo do Cena 11- que conhecia Anderson desde do tempo do Balé Desterro.Foi a partir daí que falei à jornalista do ND que considerava maravilhoso o desempenho corporal do Anderson, para quem estava perto da casa dos 50,pois neste mundo da dança que o bailarino ao chegar próximo dos 30 já pensa em mudar de carreira, nosso amigo fazia questão de provar o contrário e nos inspirava a ir além...
No sepultamento, segurei um vaso de crisântemos amarelos - ofertados por alguém ali presente - as flores, radiavam alegria, beleza e nos lembravam também que a vida é breve, nos despedimos dele com salva de palmas. "Show is over, say good bye" cantam: Madonna, a amiga Rosângela Matos, outras amigas, amigos, familiares em homenagem. Mas, ele se foi com seus sapatos vermelhos e passou sua cartola para seu amigo Alejandro Ahmed...
Naquela mesma tarde, minha pequena Hannah, acompanhada de amigas, amigos e familiares plantou flores, para celebrar mais um ano de vida, e filosofou ao ver o pequeno pé de hibisco sem flor - uma flor nasce e morre, outra flor nasce e morre. Concordei com ela. É assim mesmo a vida, mas enquanto a flor existe ela perfuma e embeleza o nosso jardim. Grata Anderson por sua bela e profunda existência entre nós.
Obrigada pelas palavras...plantadas com o colorido dançar do Anderson!
ResponderExcluirLinda homenagem Ida Mara, que bom poder colocar em palavras!
ResponderExcluirQue lindo Ida, obrigada!
ResponderExcluirAnderson era mesmo essa pessoa profundamente querida, que chegava colorindo e iluminando tudo a sua volta. Tão cheio de vida, de dança. No fundo sempre uma criança.
E você Ida, é mais uma dessas pessoas... incansável em espalhar beleza e esperança pelo mundo... beijos pra vc e pra Hannah