sábado, 30 de novembro de 2013

Zong! Leitura e Performance



Hoje dia 29 de novembro as 14:30 no MArquE, na UFSC, estarei  apresentando  a performance Tecelãs da Existência”, desta forma,  participo  da  leitura coletiva de Zong! que está acontecendo em vários países.


O livro Zong! escrito  pela a autora afro-caribenha M.NourbeSe Philip  escava um texto legal, no qual memória, história e lei colidem e metamorfoseiam na poética do fragmento. Zong! se torna um lamento anti-narrativo que alarga as fronteiras da forma poética.

Zong!  É uma estória que não pode ser contada,  embora deva ser contada...
Em 1781 o navio  Zong zarpou da costa ocidental da África  com  a “carga” de 470 pessoas africanas  escravizadas para serem vendidas na Jamaica.  E como de costume sua carga estava completamente assegurada.  Mas,  a viagem ao  invés  de durar de quatro a  seis semanas, por motivos de  erros de navegação por parte do capitão,  essa durou  quatro meses. Nesse interim,   uma parte da “carga” foi perdida, pois  muitos morreram  por doenças, outros por  falta de água e  muitos outros,  um total de cento e cinquenta pessoas  foram atiradas ao mar por ordem do capitão.  O capitão do navio considerou que se os escravos Africanos  a bordo morressem de “morte natural” os donos do navio teriam que assumir os custos, mas se estes  fossem atirados ao mar, isso poderia ser financeiramente mais vantajoso... Pois com isso poderia se exigir o pagamento do seguro pela perda da “carga”.

Zong! Transforma-se assim em canção, um lamento,  das águas,  do silêncio das águas que  hoje nos falam...

Quando silêncio é
Abdicação da palavra língua e lábios
Cinzas de uma coisa que foi
...Silêncio
Canção Palavra  Fala
Posso eu... como Philomela ... cantar
Continuamente
Várias vezes
Internamente
Pura repetição

Zong! É uma canção. E cantar tem mantido a alma do povo Africano intacta, quando esse povo pede  água  ...sustentação ...preservação.  Zong! É uma canção de uma estória não contada, e que não pode ser contada embora deva ser contada, mas somente através de sua  re-contagem.   


Ida Mara Freire
Tradução criativa de Zong!
Autoria M. NourbeSe Philip
 Imagens de Marina Moros




2 comentários:

  1. Cara Prof
    Sua sensibilidade contrasta com sua força. Muito lindo!
    Já enviei meu texto.
    aluna margareth silveira

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