Ao combinar com minha vizinha Xhosa, se ela podia cuidar da pequena para eu ir ao teatro ela me perguntou sobre a Cantata “Rewind”, falei que era sobre os testemunhos da TRC Truth Reconciliation Comission, (Comissão Verdade e Reconciliação). Ela colocou a mão na boca, num tom baixo falou: “ohohoo TRC it is about what white people did bad things to black people…”
Ao conversar com as pessoas da Faculdade de Dança, elas me perguntam sobre a minha pesquisa. Quando digo que estou a pesquisar sobre a relação da dança com a TRC, as pessoas começam a falar sobre o perdão. Uma estudante interessada em estudar o self me diz: Que depois de assistir o Filme Saraffina por sugestão do professor de História da Dança Africana pergunta Como é possível o perdão? Se perdoa de uma vez ou é um processo, pouco a pouco...
Outra estudante, me diz que acompanhou o processo da TRC e percebe alguma relação com Jacques Derrida quando este solidariza o perdão a mulher. Essa estudante reconhece a violência nos homens e em algumas mulheres quando essas estão sobre o efeito do álcool. Ela ata à violência a humilhação e a perda do poder e orgulho masculino.
Quarta-feira dia 18 foi eleições municipais, uma charge no jornal parece ilustrar bem os resultados. Nela aparece o presidente da África do Sul com pijama com as inicias do ANC e um despertador fazendo barulho com as iniciais do DA. Ao comentar sobre as eleições com o técnico administrativo da escola ele diz que ele vota com a maioria negra, ele é categorizado como pessoa de cor (coloured) e que a DA integra as pessoas do partido nacionalista, partido do antigo regime do apartheid. Ele conclui: “I can forgive but I can not forget!”
É possível o perdão? Para perdoar temos que esquecer? E o que a dança tem a nos ensinar sobre isso? Bem, esse o tema da pesquisa e já estou a perceber as vozes do silêncio.
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