Olhe e Pergunte: Como viver juntos?[1]
Recebo o
e-mail: A cidade em estado de Múltipla Dança. Belo modo de ocupar o espaço
público. Marta Cesar, coordenadora geral,
agradece as parcerias institucionais,
representadas pelas professoras Vera Torres da UFSC e Sandra Meyer da UDESC, e a curadoria
compartilhada com Jussara Xavier, e o apoio do Edital da CAIXA, dentre outros.
E agradeço aqui você, leitor e leitora
que apreciaram ao seu modo as proposições do Múltipla. E no abrir e no
fechar dos olhos descrevo brevemente
algumas atividades.
Cubra os seus olhos com as mãos e
conte até dez. E lá estamos todos nós,
mães, pais, filhas e filhos, acompanhando, rindo, cantando, dançando
entrelaçando no corpo o passado, o
presente e o futuro, por sugestão do espetáculo “Entrelace” do Teatro Xirê apresentado no Múltipla Dança. A plateia
busca perceber espaços sutis de encontro e convivência durante a performance coreografada
e dirigida por Andrea Elias. No brincar entre crianças e adultos, entre cantos
e parlendas musicados por PC Castilho, identificamos nos passos das
dançarinas Andrea Elias, Mayara Costa,
Tânia Ikeoka e o dançarino Heder Magalhães, os lugares do corpo que eternizam o encontro
com o outro na memória.
E abrimos
os olhos para contemplar as epifanias visuais
“Partida”, “Marahope”, “O Regresso de
Ulisses”, e “Os Tempos” apresentadas por
Andréa Bardawil e Alexandre Veras, na sessão de vídeo dança que celebra os 10 anos do Alpendre Casa de Arte, Pesquisa e Produção.
O olhar do espectador se aproxima para
explorar e compreender o percurso
do movimento antes de ser dança, ao participar da Conferência-Demonstração Laboratório
Corpo e Dança, coordenado por Jussara
Xavier, na qual se enfatiza os processos de composição desenvolvidos pela
dançarina Daniela Alves que
apresenta a experimentação "Direção Múltipla Virtual"; e pelo
dançarino Lincon Soares sua pesquisa
parte da exaustão do corpo e do desequilíbrio em sua organização, para buscar
modulações da aparência.
O espetáculo “Proibido Elefantes”, coreografado e
dirigido por Clébio
Oliveira, sugere uma experiência perceptiva
para o espectador e lembra com Agnes Heller: “quem não se liberta de seus
preconceitos artísticos, científicos e políticos acaba fracassando, inclusive
pessoalmente”. Quando o elenco da companhia Gira Dança composto por Álvaro
Dantas, Jânia Santos, Joselma Soares, Marconi Araújo, Rodrigo Minotti e Rozeane
Oliveira, se coloca no palco descrevendo
alternadamente os movimentos um do outro em um microfone, põe em evidência como o que estamos a ver, também está a nos
olhar. De modo que percebamos a diferença nos corpos
que dançam, visíveis no peso e tamanho, nos excessos e nas faltas. E faz, também, perguntarmos: como nós com todas essas diferenças podemos viver
juntos?
Mas,
antes que você tenha alguma ideia, pare e repare. Pergunto: conheces o jogo das
perguntas?
Pois, o Múltipla Dança termina nessa semana com a Residência de João
Fiadeiro (Portugal) e Fernanda Eugénio (Brasil), intitulada: “Modo operativo AND”, um modo de relação composto do jogo das
perguntas “como viver juntos?” e “como não ter uma ideia? Deixo-os agora leitor e leitora ao sabor dessas e outras indagações.
Publicado no Notícias do Dia em 03/06/2013.
[1] Ida Mara Freire
Professora
associada do Centro de Ciências da Educação da UFSC
Pós-doutorado
em Dança pela University of Cape Town- África do Sul
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