quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais livre possível

Mais livre possível
Por Ida Mara Freire (*)

Você tem que ser crítico com o seu movimento! Alterca a dançarina Nathalie Pubellier com a turma de dançarinos que buscava seguir com afinco suas sugestões de ações. Afunda, corta, toca, alonga, desenvolve... O exercício sugerido: fazer as ações compostas em três frases de movimento, acompanhadas com a nossa própria voz. Sim, tínhamos que nos convencer que a nossa fala correspondia exatamente com a intensidade da realização da nossa ação. O grupo de alunas do curso de pedagogia que estava assistindo a aula pode perceber que reflexão e linguagem podem ser lições de um corpo em movimento.

A masterclass de dança contemporânea ocorreu na sala de dança CDS/UFSC e foi promovida pelo Projeto Tubo de Ensaio, em parceria com o Múltipla Dança. Se por um lado a experiência com dança das 25 pessoas participantes era variada, por outro lado, a unidade do grupo no transcorrer da atividade é meritória da coreógrafa francesa Nathalie, acompanhada de perto pelo assistente e tradutor Alex Sander dos Santos.

Como trazer mais liberdade para o corpo do dançarino? Essa indagação motivou a coreógrafa a buscar uma formação polivalente, que inclui balé clássico, dança moderna, jazz , tai chi, bem como estudos científicos em medicina e biologia celular. Na perspectiva de Nathalie o dançarino deve ser disponível e bem preparado corporalmente, para ser o mais livre possível.

Durante a aula Pubellier apresentava os princípios básicos de sua pedagogia composta por exercícios de respiração, alongamentos, deslocamentos no solo, fazendo uso de brinquedos, tais como um palhaço de madeira e bolas; cada gesto era descrito, enfatizado com intuito de despertar a sua corporeidade. A cada variação da frase de movimento se esculpia no corpo níveis profundos de sensações. Fazer novamente uma seqüência de movimentos, não tinha como meta somente um refinamento técnico, mas juntamente com a prática evocar no dançarino uma consciência corporal. Instigava-se àquele que dança a perceber o jogo lúdico sensorial, que começa no centro do corpo e expande para as partes periféricas. Poderia se dizer que ação e percepção se apresentavam numa relação de figura e fundo. Ao terminar as atividades acrescentei essa simples notação: quem participou ou assistiu essa aula além de aprender um pouco de francês, talvez tenha tido a sensação que a liberdade é azul.
(*) Professora e dançarina
idamara@ced.ufsc.br

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