domingo, 18 de maio de 2014

Múltipla Dança 2014

Festival Múltipla Dança – ano 7

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O que ou quem te move? Por quais forças você é tomado? Múltipla Dança é um encontro forjado em função do desejo que, conforme o filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) é em si mesmo “revolucionário”, pois quer sempre mais conexões e agenciamentos. A edição 2014 pretende sustentar a experimentação do “eu” que se constitui, antes de tudo, como desejo. Não se trata de exaltar modos de narcisismo e individualismo mas, ao contrário, de alimentar uma abertura às forças e multiplicidades que atravessam o corpo, aumentando sua potência de ser e agir. Sabemos que todo corpo é biografia, mas como pesquisá-lo, conhecê-lo, dizê-lo? Como biografar um corpo, articulando real e ficção, privado e público? O programa destaca o interesse de investigadores e artistas na prática da biografia - escrita, falada, filmada, dançada – na área da dança. 
Múltipla Dança segue organizando e buscando encontros, pois entende que justo eles nos levam a pensar-criar. Na construção deste tempo-espaço comunitário, oferece diferentes oportunidades de interação, de exercício e aprofundamento de nossa capacidade relacional: além dos espetáculos, a programação inclui aulas práticas e conversas com os criadores convidados. O foco é a dança contemporânea: cena complexa, acelerada por metamorfoses e contaminações entre corpos, artes e mundos. Cena cujo corpo se multiplica num plano de ações, buscando sempre a incorporação de novos estados, imagens, sentidos, efeitos e habilidades. É possível apreender tal modo de dança em sua singularidade? Em 2014, vamos também
(re)descobrir a tarefa da crítica. 
Seguimos com o propósito de sobrepor diferentes práticas e discursos, privilegiando a aventura do conhecimento e a diferença como potencial instauradora de novas perspectivas. Manter viva a pergunta é o convite, e um começo. Já o disse Pina Bausch (1940-2009), ao receber a láurea honoris causa na Università degli Studi di Bologna, em 1999: “As perguntas não param nunca e nem a busca. Nessa existe algo de infinito, e esta é a coisa bela. Ao olhar nosso trabalho, tenho a sensação de ter apenas começado”. Sandra Meyer, homenageada desta edição, comprova: mesmo tendo já feito muito, continua... leva a sério o desejo, sabe que ainda há muito a fazer. Especialmente para ela, mas também para todos os profissionais incansáveis da dança, nossa reverência.
Venham todos! “Sempre há o que ver” (Rainer Maria Rilke).
Jussara Xavier e Marta Cesar
Curadoras do Múltipla Dança

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