Festival Múltipla Dança – ano 7
O que ou quem te move? Por quais forças você é tomado? Múltipla Dança é um encontro forjado em função do desejo que, conforme o filósofo francês Gilles Deleuze
(1925-1995) é em si mesmo “revolucionário”, pois quer sempre mais
conexões e agenciamentos. A edição 2014 pretende sustentar a
experimentação do “eu” que se constitui, antes de tudo, como desejo. Não
se trata de exaltar modos de narcisismo e individualismo mas, ao
contrário, de alimentar uma abertura às forças e multiplicidades que
atravessam o corpo, aumentando sua potência de ser e agir. Sabemos que
todo corpo é biografia, mas como pesquisá-lo, conhecê-lo, dizê-lo? Como
biografar um corpo, articulando real e ficção, privado e público? O
programa destaca o interesse de investigadores e artistas na prática da
biografia - escrita, falada, filmada, dançada – na área da dança.
Múltipla Dança segue organizando e
buscando encontros, pois entende que justo eles nos levam a
pensar-criar. Na construção deste tempo-espaço comunitário, oferece
diferentes oportunidades de interação, de exercício e aprofundamento de
nossa capacidade relacional: além dos espetáculos, a programação inclui
aulas práticas e conversas com os criadores convidados. O foco é a dança
contemporânea: cena complexa, acelerada por metamorfoses e
contaminações entre corpos, artes e mundos. Cena cujo corpo se
multiplica num plano de ações, buscando sempre a incorporação de novos
estados, imagens, sentidos, efeitos e habilidades. É possível apreender
tal modo de dança em sua singularidade? Em 2014, vamos também
(re)descobrir a tarefa da crítica.
(re)descobrir a tarefa da crítica.
Seguimos com o propósito de sobrepor
diferentes práticas e discursos, privilegiando a aventura do
conhecimento e a diferença como potencial instauradora de novas
perspectivas. Manter viva a pergunta é o convite, e um começo. Já o
disse Pina Bausch (1940-2009), ao receber a láurea honoris causa
na Università degli Studi di Bologna, em 1999: “As perguntas não param
nunca e nem a busca. Nessa existe algo de infinito, e esta é a coisa
bela. Ao olhar nosso trabalho, tenho a sensação de ter apenas começado”.
Sandra Meyer, homenageada desta edição, comprova: mesmo tendo já feito
muito, continua... leva a sério o desejo, sabe que ainda há muito a
fazer. Especialmente para ela, mas também para todos os profissionais
incansáveis da dança, nossa reverência.
Venham todos! “Sempre há o que ver” (Rainer Maria Rilke).
Jussara Xavier e Marta CesarCuradoras do Múltipla Dança
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