sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A dança do Ludu


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

SEMESTRE: 2012.2
Seminário Especial : Estéticas do Silêncio: Alteridade, Arte e Educação.
NOME: Michele Maria Pacheco Foggiatto Puel
PROFESSORA: Drª Ida Mara Freire

Trabalho da disciplina: Estéticas do Silêncio: Alteridade, Arte e Educação.

Resenha Crítica

Muitas pessoas ainda desconhecem as artes que existem na África do Sul. A arte da DANÇA é tão rica, e agora entendo que a dança sempre existiu na vida africana é a essência dos africanos e por isso da originalidade. No Brasil, a dança Gumboot que é uma dança típica da África do Sul com um gingado e rebolado único dos africanos, está conquistando grupos de danças. Nasceu nas minas de ouro da África do Sul, como forma de expressão dentro de um regime opressivo. Cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo diferente. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os  num único som. Entre as danças, destacam-se: lundu, batuque, capoeira, entre outros.  A dança do Lundu, origem Africana. Na forma de canção ou dança refinada, o sensual lundu esteve em voga no Brasil durante todo o século XIX e início do século XX. Sua fusão com outras danças, como a habanera, a polca e o tango, deu origem ao Maxixe, conhecido como Tango Brasileiro que foi o primeiro tipo de dança urbana surgida no Brasil. Era dançado em locais que não atendiam a moral e aos bons costumes da época, como em forrós, gafieiras da cidade nova e nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro. Os homens de classes mais privilegiadas freqüentavam esses bailes e gafieiras, em busca da sensualidade das danças africanas. "Os pares enlaçam-se pelas pernas e braços, apoiando-se pela testa. Para que pudessem ser tocadas em casa de família, as partituras de maxixe traziam o impróprio nome de "Tango Brasileiro".
Baseada na experiência que tive na Dança do Tango... Dança é disciplina, concentração, é envolvimento, bem estar, satisfação e frustração. Para você conseguir DANÇAR, é preciso muita disciplina, concentração, deixar-se envolver, sentimento de bem estar e frustração quando não conseguido. A dança proporciona todos esses fatores. Percebo que esta relacionada ao ensinar, a Educação para todos...
Através de Estudos de Dança, os estudantes desenvolvem a auto-estima, um sentimento de identidade, a confiança e auto-disciplina. Eles desenvolvem a responsabilidade social, desenvolvendo um respeito pelos seus próprios e outros corpos e explorando-os numa aprendizagem individual e colaborativa. Esses desenvolvem uma sensibilidade cultural, explorando e realizando danças de outras culturas além da sua própria. Dessa forma, eles afirmam a sua identidade cultural própria e a dos outros também (SOUTH ÁFRICA)
A partir do trecho que diz: "Educar nossas crianças e jovens com dança é de mostrar que eles não estão sozinhos no mundo (Freire)
Penso que a dança sendo uma arte e deveria ser como disciplina obrigatória nas escolas, desde o ensino fundamental. Se as pessoas, sejam jovens e adultos focassem nessa arte, muitos problemas poderiam ser desviados...
Por isso, que a dança é a forma de contar histórias. Traduzir. Permite através de movimentos liberar o que está sentindo. A dança é o corpo envolvente, muito movimento, é uma arte, gestos, transformados em dança. Os africanos conseguem demonstrar na dança o que sentem. Seus sofrimentos, a esperança e a motivação de um dia melhor. Toda dança existe um significado, seja de sensualidade, seja de calmaria, seja de agressividade é uma energia que envolve a pessoa com quem está envolvida.   A EXPERIÊNCIA do Outro, que o Merleau- Ponty explica, na minha experiência de Dançar o Tango, ajuda a compreender o reconhecimento do outro. A experiência do outro configura-se na Estética do SILÊNCIO.
Na África do Sul, onde você dança, com quem você dança, e que tipo de dança você executa e sua atitude frente à dança dirá alguma coisa sobre você, como uma pessoa política, bem como sobre você, como pessoa artista (GLASSER, 1991). A dança faz refletir quem somos nós e o que desejamos.
De acordo com Ida Mara, em seu texto da AÇÃO POLÍTICA E AFIRMATIVA: DANÇA E CORPO NO DISCURSO EDUCACIONAL SUL-AFRICANO PÓS-APARTHEID, nós sempre dançamos com o outro ou para o outro, nós nunca dançamos sozinhos. Reafirmo que a dança não é uma atividades solitária, mas um movimento solidário. Vale salientar que dançar é a tentativa de ser um com outro. O espaço da dança como estrutura coletiva sustenta as noções de acolhimento e hospitalidade.
Quando dançamos, acontece o processo de intersubjetividade. A relação eu e você, só eu ou só você não acontece. A dança é o exemplo disso, expressão, não é só emoção, mas o vivido.Quando dançamos com o outro, através de gestos, percebemos o outro. Quando é realizado o gesto, no dançar, tem um significado.
O Seminário Estéticas do Silêncio: Alteridade, Arte e Educação, nos traz um aprendizado que o  Silêncio, não somente, o não falado, verbal, e o impensável, mas na tentativa de não pensar, nos traz conteúdos valiosos e imagináveis conscientemente. O conflito da diferença, da Alteridade e a Dança que é uma Arte, na Educação é uma contribuição imensa e a ser explorada.


Bibliografia

FREIRE, Ida Mara. Ação política e afirmativa: corpo e alteridade no discurso educacional sul-africano pós-apartheid. O teatro transcende.  Vol. 16. N.2. 2011

GLASSER, Sylvia. Is dance Political Movement? Journal for the Anthropological Study of Human Movement, v. 6, n.3, May, 1991.

MERLEAU-PONTY,  Maurice.  A experiência do Outro. In: _________________. Merleau-Ponty na Sorbonne resumo de cursos psicossociologia e filosofia. Campinas SP: Papirus, 1988.


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