Seminário Especial: Estéticas
do Silêncio: Alteridade, Arte e Educação
Professora: Drª Ida
Mara Freire
Mestrando: Adecir Pozzer
Seminário Especial: Estéticas
do Silêncio: Alteridade, Arte e Educação
Professora: Drª Ida
Mara Freire
Mestrando: Adecir Pozzer
Mathias Chirombo, o silêncio e a dignidade: transcendendo o humano
para revelar-se humano
Mathias Chirombo é um artista
nascido em uma família de cultura Shona, no Zimbauê - África. Desenvolve um
trabalho espiritualmente influenciado por médiuns espíritas e pelos costumes
tradicionais do seu povo. Explora esse aspecto através de sonhos, considerados por
ele uma rica fonte de inspiração para a sua arte, utilizando a espiritualidade
e as emoções para dirigir-se em busca de sentido e orientação. Atualmente, mora
em Grahamstown na África do Sul, trabalhando como artista em tempo integral e
curador.
Para deixar-se encharcar pelo espírito de sua
arte e poder traduzi-lo por meio da habilidade de suas mãos, bem como para
mergulhar nas inúmeras mensagens que surgem ao contemplar suas obras, é
imprescindível uma profunda experiência do silêncio, como experiência do não
dito, daquilo que há de vir. Daí provém o novo, o diferente, o outro como um
ato de potência criadora que gera dignidade, faz viver.
Mas, quais seriam os fios a entrelaçar a arte
de Chirombo, a experiência do silêncio e a dignidade como utopia a sustentar o
humano? O princípio pode estar na tomada de consciência de que a dignidade requer
que sejamos nós mesmos. Mas, isso já não
basta, pois, para que haja dignidade, é necessário o outro, que só existe na relação conosco. Se há inter-relação, a
dignidade implica em reconhecer e respeitar, respeito ao que somos e ao que o outro é, transcendendo os limiares do
material e da concretude, sem separação, pois, o transcender é constitutivo do ser e do vir-a-ser.
A dignidade seria o amanhã, a utopia, o silêncio?
Se sim, este “amanhã” só pode ser se for para todos, isto é, para o que somos
nós e para o que são os outros em suas alteridades. Alteridade que exige
reconhecimento de sua diferença radical, legítima e infinita. Que não permite a
fabricação do outro: construído como
diferente, fixado, transformado, minimizado, subordinado às relações de poder,
reduzido a um simples ser/objeto do mundo.
Dignidade poderia ser uma casa de um só andar,
onde nós e os outros possuímos nossos próprios lugares. Casa esta que nos
inclui e inclui o outro. Mas, qual
seria esta casa? Onde estaria ela? O ego! O outro!
Ninguém! Todos! Não sei. Mas, não poderia ser o mundo esta casa que a todos
acolhe, nós e os outros? Mundo este que é de todos e para todos, ao menos
deveria ser. Se fosse, seria um mundo com muitos mundos.
Isso já seria a dignidade? Talvez ainda não.
Ela está por ser. Quem sabe não seja nossa luta e a luta dos outros a dignidade,
em tentar fazer com que ela seja o mundo. Mundo que acolhe todos os mundos, em
um profundo silêncio que gesta a vida e que gera o humano, enquanto qualidade
de ser e vir-a-ser.
Website: www.mathiaschirombo.com
: transcendendo o humano
para revelar-se humano
Mathias Chirombo é um artista
nascido em uma família de cultura Shona, no Zimbauê - África. Desenvolve um
trabalho espiritualmente influenciado por médiuns espíritas e pelos costumes
tradicionais do seu povo. Explora esse aspecto através de sonhos, considerados por
ele uma rica fonte de inspiração para a sua arte, utilizando a espiritualidade
e as emoções para dirigir-se em busca de sentido e orientação. Atualmente, mora
em Grahamstown na África do Sul, trabalhando como artista em tempo integral e
curador.
Para deixar-se encharcar pelo espírito de sua
arte e poder traduzi-lo por meio da habilidade de suas mãos, bem como para
mergulhar nas inúmeras mensagens que surgem ao contemplar suas obras, é
imprescindível uma profunda experiência do silêncio, como experiência do não
dito, daquilo que há de vir. Daí provém o novo, o diferente, o outro como um
ato de potência criadora que gera dignidade, faz viver.
Mas, quais seriam os fios a entrelaçar a arte
de Chirombo, a experiência do silêncio e a dignidade como utopia a sustentar o
humano? O princípio pode estar na tomada de consciência de que a dignidade requer
que sejamos nós mesmos. Mas, isso já não
basta, pois, para que haja dignidade, é necessário o outro, que só existe na relação conosco. Se há inter-relação, a
dignidade implica em reconhecer e respeitar, respeito ao que somos e ao que o outro é, transcendendo os limiares do
material e da concretude, sem separação, pois, o transcender é constitutivo do ser e do vir-a-ser.
A dignidade seria o amanhã, a utopia, o silêncio?
Se sim, este “amanhã” só pode ser se for para todos, isto é, para o que somos
nós e para o que são os outros em suas alteridades. Alteridade que exige
reconhecimento de sua diferença radical, legítima e infinita. Que não permite a
fabricação do outro: construído como
diferente, fixado, transformado, minimizado, subordinado às relações de poder,
reduzido a um simples ser/objeto do mundo.
Dignidade poderia ser uma casa de um só andar,
onde nós e os outros possuímos nossos próprios lugares. Casa esta que nos
inclui e inclui o outro. Mas, qual
seria esta casa? Onde estaria ela? O ego! O outro!
Ninguém! Todos! Não sei. Mas, não poderia ser o mundo esta casa que a todos
acolhe, nós e os outros? Mundo este que é de todos e para todos, ao menos
deveria ser. Se fosse, seria um mundo com muitos mundos.
Isso já seria a dignidade? Talvez ainda não.
Ela está por ser. Quem sabe não seja nossa luta e a luta dos outros a dignidade,
em tentar fazer com que ela seja o mundo. Mundo que acolhe todos os mundos, em
um profundo silêncio que gesta a vida e que gera o humano, enquanto qualidade
de ser e vir-a-ser.
Website: www.mathiaschirombo.com
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