UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: PGE 410085
SEMESTRE: 2012.2
S. E. ESTÉTICAS DO SILÊNCIO: ALTERIDADE, ARTE E
EDUCAÇÃO
PROFESORA: DRA. IDA
MARA FREIRE
“Estou seguro aqui”,
2012
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
ESTUDANTE: FABÍOLA C IRIMBELLI BÚRIGO COSTA
fabíola@ca.ufsc.br
NA SUTILEZA DA ARTE, A INFÂNCIA
Na
experiência Estética do Silêncio a África habitou em mim. Chegou através da
arte de forma silenciosa, e, de mansinho, pouco a pouco, foi adentrando meu ser
e corroendo-me as entranhas.
Meus
olhos adentraram um outro real, fundado por palavras, imagens, sons, gestos, um
real que se acrescenta ao mundo pela sua presença. Penetraram em outras estratégias
de resistência que levaram "a pensar realçando o impensável do pensamento,
o invisível da visão e o indizível da palavra” (2011). O contato direto com a
arte da África permitiu-me enxergar mais do que uma possibilidade de
resistência, permitiu-me experimentar uma forma de libertação. Penetrei nesta
arte e por ela fui absorvida. Libertando-me de mim encontrei o outro. O rosto do outro me olha e não tenho como
serrar os olhos.
Por
um longo tempo meu olhar fixou-se nas crianças dançando Toyi-Toyi. Uma dança de
resistência ou um libertar-se na morte, no transe que fez cruzar a linha
vermelha? Um encontro com espíritos e
ossos? Os ossos contem o elemento
oculto, o segredo, a luz; simbolizam a essência da criação, são portadores do
princípio da vida. Superação da noção de vida e morte, acesso à
imortalidade?
Uma dança que faz pensar encruzilhadas, sem
verdades absolutas, mas relações que se estabelecem. E, se a intenção da
educação é sempre a relação, precisamos falar de limites, vida e morte, conexões
e fugas, de incompletude. De uma educação que se interrompe, que dói, que nos
deixa pensar o passado e o futuro hoje, onde não há normalidade só há
diferença.
E
como pensar, significa aqui, criar diferentes estratégias de vida para o mundo
em que vivemos, é uma experiência ética por excelência, justamente porque recupera
a crença neste mundo, assim como a necessidade de transformá-lo, deposito aqui um
outro olhar para a criança, o olhar da artista Danelle
Janse van Rensburg.
Sua
obra apresenta uma dicotomia entre realidade e idealismo, uma vez que é
fundamental para a artista que toda obra de arte tenha tal ponto de conexão
tanto para o mundo "idealizado" como para o "real", razão que
se encontra por trás do seu fascínio evidente com o mundo das crianças, e como
isso se relaciona com as questões muito complicadas de ambos, o mundo
consciente e inconsciente do existente e não existente.
Explica que existe uma conexão entre o trabalho em si e o
seu processo de criação, que é de vital importância para compreender seu
significado. O corte da madeira é feito à mão, o que lhe proporciona uma
conexão mais autêntica e honesta com cada peça. Em vez de seguir a
linha com a lâmina de serra de fita, ela corta deixando marcadas evidências de
que a ponta da lâmina estava lá. Danelle usa conceitos assimilados,
imagens e artefatos para exemplificar os conceitos distorcidos de dominação
cultural e econômica, a imoralidade da violência e transmutar essas autoimagens
para manifestar uma nova visão da humanidade e as esperanças de uma nova
civilização.
Não
consegui penetrar a obra de Danelle, mas adentrei com meu olhar nas suas mandalas,
nas relações circulares e quadrangulares, na roda lúdica das crianças, expressas
em sombra e luz, flutuei com as crianças flutuantes e me balancei com as
crianças penduradas, girei, entrei e sai da roda saltitante, mas, retornei, e me
fixei no centro de uma das mandalas da instalação “Estou segura aqui”. Será?!
Retorno ao centro e silencio nele, reflete-se a criança em mim e nela, outra de
mim mesma. Repouso e sonho a vida.
Referências:
LEVY, Tatiana Salem. A experiência do fora: Blanchot, Foucault e
Deleuze. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (paginas 11, 52)
MERLEAU-PONTY, Maurice. Merleau-Ponty
na Sorbonne: resumo de cursos: 1949-1952; tradução Constança Marcondes
César. Campinas, SP:
Papirus, 1990. (paginas 287, 317)
http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg,
Floating child - Crianças Flutuantes
Caminho de
sutilezas, 2006
Artista:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
Cruz vermelha – Rooikruis, 2009
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
Cruz vermelha - Rooikruis / detalhe, 2009
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
Hanging child - Crianças Penduradas
Mary-go-round - Maria vai e volta, 2011
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
Mary-go-round - Maria vai e volta, 2011
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
Mary-go-round - Maria vai e volta / detalhe, 2011
Artirta:
Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg
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