quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

NA SUTILEZA DA ARTE, A INFÂNCIA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO


DISCIPLINA: PGE 410085   SEMESTRE: 2012.2
S. E.  ESTÉTICAS DO SILÊNCIO: ALTERIDADE, ARTE E EDUCAÇÃO
PROFESORA: DRA. IDA MARA FREIRE




“Estou seguro aqui”, 2012
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg


ESTUDANTE: FABÍOLA C IRIMBELLI BÚRIGO COSTA
fabíola@ca.ufsc.br


NA SUTILEZA DA ARTE, A INFÂNCIA

Na experiência Estética do Silêncio a África habitou em mim. Chegou através da arte de forma silenciosa, e, de mansinho, pouco a pouco, foi adentrando meu ser e corroendo-me as entranhas.
Meus olhos adentraram um outro real, fundado por palavras, imagens, sons, gestos, um real que se acrescenta ao mundo pela sua presença. Penetraram em outras estratégias de resistência que levaram "a pensar realçando o impensável do pensamento, o invisível da visão e o indizível da palavra” (2011). O contato direto com a arte da África permitiu-me enxergar mais do que uma possibilidade de resistência, permitiu-me experimentar uma forma de libertação. Penetrei nesta arte e por ela fui absorvida. Libertando-me de mim encontrei o outro.  O rosto do outro me olha e não tenho como serrar os olhos.
Por um longo tempo meu olhar fixou-se nas crianças dançando Toyi-Toyi. Uma dança de resistência ou um libertar-se na morte, no transe que fez cruzar a linha vermelha?   Um encontro com espíritos e ossos?  Os ossos contem o elemento oculto, o segredo, a luz; simbolizam a essência da criação, são portadores do princípio da vida. Superação da noção de vida e morte, acesso à imortalidade? 
 Uma dança que faz pensar encruzilhadas, sem verdades absolutas, mas relações que se estabelecem. E, se a intenção da educação é sempre a relação, precisamos falar de limites, vida e morte, conexões e fugas, de incompletude. De uma educação que se interrompe, que dói, que nos deixa pensar o passado e o futuro hoje, onde não há normalidade só há diferença.
E como pensar, significa aqui, criar diferentes estratégias de vida para o mundo em que vivemos, é uma experiência ética por excelência, justamente porque recupera a crença neste mundo, assim como a necessidade de transformá-lo, deposito aqui um outro olhar para a criança, o olhar da artista Danelle Janse van Rensburg.
Sua obra apresenta uma dicotomia entre realidade e idealismo, uma vez que é fundamental para a artista que toda obra de arte tenha tal ponto de conexão tanto para o mundo "idealizado" como para o "real", razão que se encontra por trás do seu fascínio evidente com o mundo das crianças, e como isso se relaciona com as questões muito complicadas de ambos, o mundo consciente e inconsciente do existente e não existente.
Explica que existe uma conexão entre o trabalho em si e o seu processo de criação, que é de vital importância para compreender seu significado. O corte da madeira é feito à mão, o que lhe proporciona uma conexão mais autêntica e honesta com cada peça.  Em vez de seguir a linha com a lâmina de serra de fita, ela corta deixando marcadas evidências de que a ponta da lâmina estava lá. Danelle usa conceitos assimilados, imagens e artefatos para exemplificar os conceitos distorcidos de dominação cultural e econômica, a imoralidade da violência e transmutar essas autoimagens para manifestar uma nova visão da humanidade e as esperanças de uma nova civilização.
Não consegui penetrar a obra de Danelle, mas adentrei com meu olhar nas suas mandalas, nas relações circulares e quadrangulares, na roda lúdica das crianças, expressas em sombra e luz, flutuei com as crianças flutuantes e me balancei com as crianças penduradas, girei, entrei e sai da roda saltitante, mas, retornei, e me fixei no centro de uma das mandalas da instalação “Estou segura aqui”. Será?! Retorno ao centro e silencio nele, reflete-se a criança em mim e nela, outra de mim mesma. Repouso e sonho a vida.


Referências:

LEVY, Tatiana Salem. A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (paginas 11, 52)
MERLEAU-PONTY, Maurice. Merleau-Ponty na Sorbonne: resumo de cursos: 1949-1952; tradução Constança Marcondes César. Campinas, SP: Papirus, 1990. (paginas 287, 317)          
http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg,







Floating child - Crianças Flutuantes

http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/grpf02.jpg

Caminho de sutilezas, 2006
Artista: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg

http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/grpf01.jpg
Cruz vermelha – Rooikruis, 2009
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg


http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/grpf03.jpg
Cruz vermelha - Rooikruis / detalhe, 2009
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg





Hanging child - Crianças Penduradas


http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/Danelle_v_Rensburg_grpd12.jpg
  Mary-go-round - Maria vai e volta, 2011
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg





      http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/Danelle_v_Rensburg_grpd09.jpg

Mary-go-round - Maria vai e volta, 2011
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg





 http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg/Danelle_v_Rensburg_grpd10.jpg
  Mary-go-round - Maria vai e volta / detalhe, 2011
Artirta: Danelle Janse van Rensburg
Fonte: http://www.art.co.za/danellejansevanrensburg













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